CADA PASSO É UM FLASH: Na era dos políticos digitais, vereadores apostam em marketing nas redes sociais

A prática vai desde mostrar visitas a bairros, fiscalizações cotidianas ou até mesmo a exploração de áreas sensíveis como o transporte de pacientes
A política local tem passado por uma transformação evidente com a ascensão do marketing digital. Se antes os eleitores acompanhavam a atuação dos vereadores apenas por meio das sessões legislativas ou de eventuais matérias em jornais, além das conversas de boteco, hoje, basta abrir as redes sociais para se deparar com uma enxurrada de vídeos, postagens e transmissões ao vivo de cada passo dado por muitos parlamentares.
Esse movimento, que já era observado em outras esferas políticas, ganhou força em nível municipal. Na legislatura passada, esse papel de “vereador digital” era desempenhado com destaque por Jonathan Pagani. Embora outros vereadores também utilizassem as redes, a abordagem era mais discreta. Atualmente, porém, há um grupo numeroso que adota estratégias mais agressivas de comunicação digital, com equipes de filmagem e marketing em tempo integral.
Nomes como Celso Machado (PL), presidente da Câmara de Vereadores de Vilhena, Jander Rocha (PODE), Eliton Costa (REPUBLICANOS) Samir Ali (MDB) Anderson Motorista (PODE) se destacam pela presença digital ativa. Todos mantêm estruturas profissionais para registrar cada ação realizada. A prática vai desde mostrar visitas a bairros, fiscalizações cotidianas ou até mesmo a exploração de áreas sensíveis como o transporte de pacientes, sempre acompanhadas por cinegrafistas que documentam “cada passo”. Essa abordagem, popularizada em âmbitos estadual e federal por políticos como Fernando Máximo (União Brasil), se consolidou entre os vereadores do município.
A estratégia tem pontos positivos e negativos. Por um lado, a população pode acompanhar em tempo real as atividades dos parlamentares, proporcionando mais transparência – ainda que sob o viés e a narrativa construída pelas próprias equipes de comunicação ou pelo político. Por outro lado, há uma saturação de conteúdo político que nem sempre é bem recebida por parte dos eleitores, que se sentem sobrecarregados com a quantidade de material publicado diariamente.
Além disso, há especulações de que alguns vereadores já estejam acumulando “material de arquivo” para futuras campanhas eleitorais. A movimentação sugere que, com o volume de conteúdo gerado, alguns parlamentares possam estar se preparando para disputar cargos mais altos em 2026, como deputado estadual ou federal. A questão que levanta debates é o possível uso de recursos públicos para financiar essas estruturas de comunicação pessoal que explicitamente fazem a promoção pessoal do agente político.
Com o avanço do marketing digital na política, o papel do vereador vai além das discussões em plenário. Agora, cada visita, reunião ou entrega de recurso vira conteúdo para as redes sociais, ampliando a visibilidade dos parlamentares. Resta saber até que ponto essa estratégia será bem recebida a longo prazo pelos eleitores e como isso impactará as futuras disputas eleitorais na região.
